João Maria, dono de uma loja de trastes velhos, conciliava esse comércio com a pintura de quadros. Homem de trinta e seis anos, que não é feio, mas que a circunstância da vida o tornou uma pessoa descuidada com a aparência, João Maria é casado e tem um filho. A situação financeira da família não é boa, ele não vende quase nada na loja e a mulher faz todo o serviço de casa. Desde pequeno, João Maria mostrava tendência para a pintura, tentava reproduzir tudo o que via. Um dia ao visitar uma exposição, tomou gosto e começou a pintar, mas não tinha técnica e nem queria aprender. Nunca gostou de estudar. Tentou vários ofícios, mas não se aperfeiçoou a nenhum. Mesmo assim, o chamavam de habilidoso.
Quando mais jovem, ao visitar sua madrinha, viu o quadro de uma virgem e logo tentou reproduzir. O primeiro não saiu muito bom, mas o segundo sim. Mas este sua mãe pediu para colocar no oratório. Joao Maria, que buscava ser reconhecido por sua arte, não queria dar o quadro, mas acabou cedendo ao pedido da mãe. Por isso, pintou outro. Este ele queria expor. Conseguiu fazer isso numa casa de espelhos e gravuras, por três dias. Ficou muito ansioso para saber se algum cliente olhou o quadro, se fez algum comentário, enfim. Muitos olharam, mas João Maria não conseguiu o reconhecimento que desejava. Quando terminou o prazo da exposição, ele tentou em outros lugares, mas em vão. Então ele se contentou com aquela vida sem as grandes ambições de outrora. Agora, morando num beco, sem dinheiro, sem fama, mas habilidoso.
Por: Salete
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