"A partir do Modernismo (iniciado historicamente com a Semana de Arte
Moderna em S. Paulo, 1922), o conto vai crescendo em prestígio e já
conquistando um “estilo brasileiro” (narrativa de tonus oral,
despretencioso, com o registo de linguajar quotidiano e dando acolhida
também ao linguajar deturpado dos imigrantes que alteram não só o
vocabulário, mas também a estrutura da língua portuguesa). Destacam-se
como contistas modernistas: António Alcantara Machado (Brás, Bexiga e
Barra Funda, 1927 e Laranja da China, 1928); João Alphonsus Guimaraens
(Galinha Cega, 1931 e Pesca da Baleia, 1941) e Mário de Andrade (Os
contos de Belazarte, 1934 e Contos Novos, 1947, post.).
No
decorrer dos anos 20/40, à medida em que o conto cresce em prestígio,
vai ao mesmo e tempo perdendo suas característica formais de origem:
narrativa curta que regista uma situação, uma “fatia” de vida,
suficientemente expressiva para sugerir o drama humano em seu todo. O
conto-século XX vai-se tornando mero registo circunstancial de factos do
dia-a-dia e, divulgado principalmente através de revistas e jornais,
passa a ser confundido com a crónica, sendo, inclusive, tratado como
género “leve”, de entretenimento.
Nos anos 40/50, o conto volta a ser a grande expressão capaz de
sintetizar a complexidade da vida e, agora, já em linguagem e espírito
tipicamente “brasileiros”. Nesse período surgem quatro nomes que levam o
conto (e o romance) brasileiro ao mais alto nível de eleboração
literária e temática: João Guimarães Rosa, na linha
regionalista-metafísica (Sagarana, 1946; Primeiras Estórias, 1962 ...);
Clarice Lispector, na linha existencialista (O Lustre, 1946; A Cidade
Sitiada, 1949; Alguns Contos, 1952; Laços de Família, 1960; A Legião
Estrangeira, 1964; Felicidade Clandestina, 1971; A Imitação da Rosa,
1973; A Via Crucis do Copor, 1974; Onde Estiveste de Noite, 1974; A Bela
e a Fera, 1979, post.); Murilo Rubião, na linha do Realismo Mágico ou
Absurdo (O Ex. Mágico, 1947; A Estrela Vermelha, 1953; Os Dragões e os
outros Contos, 1965; O Convidado, 1974; A Casa do Girassol Vermelho,
1978) e Lygia Fagundes Telles, na linha do humanismo dramático (Praia
Viva, 1944; O Cacto Vermelho, 1949; Histórias do Desenconto, 1958; O
Jardim Selvagem, 1965; Antes do Baile Verde, 1970; Seminário dos Ratos,
1977; Os Filhos Pródigos e Mistérios, 1981)."
Extraído do site E-Dicionário de Termos Literários
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