terça-feira, 4 de setembro de 2012

Sobre conto II

"A partir do Modernismo (iniciado historicamente com a Semana de Arte Moderna em S. Paulo, 1922), o conto vai crescendo em prestígio e já conquistando um “estilo brasileiro” (narrativa de tonus oral, despretencioso, com o registo de linguajar quotidiano e dando acolhida também ao linguajar deturpado dos imigrantes que alteram não só o vocabulário, mas também a estrutura da língua portuguesa). Destacam-se como contistas modernistas: António Alcantara Machado (Brás, Bexiga e Barra Funda, 1927 e Laranja da China, 1928); João Alphonsus Guimaraens (Galinha Cega, 1931 e Pesca da Baleia, 1941) e Mário de Andrade (Os contos de Belazarte, 1934 e Contos Novos, 1947, post.).
No decorrer dos anos 20/40, à medida em que o conto cresce em prestígio, vai ao mesmo e tempo perdendo suas característica formais de origem: narrativa curta que regista uma situação, uma “fatia” de vida, suficientemente expressiva para sugerir o drama humano em seu todo. O conto-século XX vai-se tornando mero registo circunstancial de factos do dia-a-dia e, divulgado principalmente através de revistas e jornais, passa a ser confundido com a crónica, sendo, inclusive, tratado como género “leve”, de entretenimento.
Nos anos 40/50, o conto volta a ser a grande expressão capaz de sintetizar a complexidade da vida e, agora, já em linguagem e espírito tipicamente “brasileiros”. Nesse período surgem quatro nomes que levam o conto (e o romance) brasileiro ao mais alto nível de eleboração literária e temática: João Guimarães Rosa, na linha regionalista-metafísica (Sagarana, 1946; Primeiras Estórias, 1962 ...); Clarice Lispector, na linha existencialista (O Lustre, 1946; A Cidade Sitiada, 1949; Alguns Contos, 1952; Laços de Família, 1960; A Legião Estrangeira, 1964; Felicidade Clandestina, 1971; A Imitação da Rosa, 1973; A Via Crucis do Copor, 1974; Onde Estiveste de Noite, 1974; A Bela e a Fera, 1979, post.); Murilo Rubião, na linha do Realismo Mágico ou Absurdo (O Ex. Mágico, 1947; A Estrela Vermelha, 1953; Os Dragões e os outros Contos, 1965; O Convidado, 1974; A Casa do Girassol Vermelho, 1978) e Lygia Fagundes Telles, na linha do humanismo dramático (Praia Viva, 1944; O Cacto Vermelho, 1949; Histórias do Desenconto, 1958; O Jardim Selvagem, 1965; Antes do Baile Verde, 1970; Seminário dos Ratos, 1977; Os Filhos Pródigos e Mistérios, 1981)."

Extraído do site E-Dicionário de Termos Literários
 

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